quinta-feira, 11 de março de 2010

Novo técnico do CRB e o 3-5-2



O novo técnico do CRB, Amauri Knevitz, treinou essa semana com uma formação que deixou a muitos surpresos, e a outros, perplexos. Eu fiquei surpreso, mas positivamente. Tirou os alas Léo – que por característica não é jogador de flanco – e Rafinha, e pôs o atacante/meia-atacante Edmar, na ala direita, e o volante/meia Fábio Jonas, na ala esquerda. Muitos, inclusive na imprensa, manifestaram tal mudança como uma “invenção”. O que foi feito, pode ser ousado, mas não é nenhuma inovação.

Com esta mudança, o técnico do CRB parece querer armar o time num verdadeiro 3-5-2, o genuíno. Tal esquema foi utilizado de maneira equivocada pelos técnicos brasileiros. A premissa básica: 3-5-2 são três jogadores na defesa, cinco no meio-campo e dois no ataque. Primariamente – desconsiderando ocupação de espaços, recomposição defensiva e características de jogadores – é um esquema mais ofensivo que o 4-4-2, que tem quatro defensores.

Mas com o passar do tempo, o 3-5-2 passou a ser visto como um esquema defensivista, pois no lado do campo os técnicos utilizavam laterais (defesa), sendo muito mais um 5-3-2 (mais defensivo que o 4-4-2) que um 3-5-2 propriamente. Apenas liberam um pouco mais os laterais para o apoio. Como o esquema com três zagueiros, a partir de meados da década de 90, virou febre entre os técnicos brasileiros, inclusive nas bases, sumiu a figura do lateral (aquele que compõe a defesa, cobrindo zagueiros, fazendo revezamentos etc.). O senso que se formou de que o 3-5-2 era um esquema mais defensivo não veio de graça.

Deu-se espaço aos laterais que melhor apóiam que defendem, comprometendo defensivamente. Encontrar um lateral no Brasil que defende bem é uma tarefa nada fácil.

No 3-5-2, os alas precisam, necessariamente, ser armadores de suas equipes. Um dos poucos treinadores a utilizarem, de fato, um 3-5-2, foi o Ivo Wortmann, à época (2001) treinador do Coritiba. O ala esquerdo do Coxa era o Sérgio Manoel, um meia-armador. O Roberval Davino, no próprio CRB, fez isso com o Marquinhos Paraná, destaque absoluto do CRB nas temporadas de 2001 e 2002. Esses alas, por serem armadores, não podem se limitar ao flanco do campo; eles devem, por ofício, fazer o “facão” (buscar o jogo também pelo meio). O 3-5-2 legítimo é esse. Sempre foi! Pena que foi distorcido pelos técnicos brasileiros.

Ao escalar o Edmar – jogador com boa visão de jogo, inclusive – na ala, o novo treinador do CRB parece tentar implantar o genuíno 3-5-2. E se sabe que as principais deficiências do Edmar são a finalização e o porte físico; afastá-lo um pouco mais da área me parece uma idéia interessante.

O problema é que, ao tirar o Edmar do ataque, além de desmontar uma linha de frente que vinha muito bem (Edmar e Wellington), fez voltar ao time o veterano Calmon, que, assim como o Foiane, não tem mostrado um nível sequer mediano. E o pior: fez com que centroavante Wellington saísse da área, jogando fora de suas características.

A tentativa de usar um esquema verdadeiramente com cinco jogadores de meio-campo é válida, mas não pode vir a custo de dois erros, a saber: a) escalação de Foiane e Calmon, que não tem condições de compor o time titular do CRB; b) tirar o melhor jogador do time na competição de suas características (Wellington é centroavante, e não segundo atacante).

As soluções são até simples: Emerson (mais uma realidade das bases do clube, que andou lesionado) e Eduardo (que jogou com Wellington no Sub-20).

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