terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Mudança do calendário? Só pode ser piada!

Muito se tem pensado em soluções para os problemas do futebol brasileiro. Com o discurso demagogo de organizar os clubes brasileiros, criou-se um sistema que elitiza e exclui a maior parte dos clubes do Brasil. Nesta seara se encontram os clubes do Norte e Nordeste. CRB e CSA foram, sim, atingidos em cheio por esse sistema. Basta uma breve comparação: como estavam em 2002 e como estão hoje.

As soluções na verdade nunca foram feitas visando uma melhoria no futebol brasileiro como um todo. Estas nunca sequer foram pensadas. As tentativas de soluções visam os chamados grandes do eixo.

Recentemente, falou-se na possibilidade de mudança no calendário do futebol brasileiro e adequação ao calendário europeu. Alguns vêem – erroneamente, por óbvio – que seria esta uma solução para o êxodo que o futebol brasileiro está submetido. Engraçado é que, mais uma vez, tal alteração é pensada sob uma ótica elitista; ou seja, com os olhos de flamenguistas, são-paulinos, vascaínos, corintianos etc., em tese, os que tem seus jogadores mais assediados pelos grandes clubes do exterior.

As pessoas que hoje fazem o futebol são tão obtusas, que se esquecem do básico. Será que não existe uma lógica para que as férias européias sejam nos meses de junho e julho? Férias no inverno? Quem, diabos, irá querer férias assim?

E tal mudança passa longe de ser solução; com muita sorte pode ser um paliativo. E certamente com efeito em curto prazo. Lembremos que os mercados de Rússia e Ucrânia, que já exportam muitos jogadores, tem suas férias no mês de janeiro. Esses mercados são cada vez mais fortes; e os clubes brasileiros não conseguirão concorrer com estes. E os jogadores continuarão saindo indiscriminadamente.

O fato é que o futebol se transformou numa espécie de “contrabando de seres humanos”, onde, cada vez mais, o trabalhador (é isso que um jogador é) é tratado e aceito como uma coisa, uma peça. E nessa conjuntura, o Brasil tem uma categoria subsidiária. Todos os clubes brasileiros fecham o ano no vermelho – salvo os que possuem injeção estatal, lícita ou não, os tais “times de prefeitura”. Entre os grandes, os que são ditos mais organizados são os que tem saldo negativo menor. Porém, todos se enfraquecem em relação ao mercado europeu. Em outras palavras, uns enfraquecem mais rapidamente que outros, mas todos cedo ou tarde se abatem.

Mudar o calendário seria o mesmo que dizer “Vocês venceram! Nós, em desenvolvimento, somos inferiores”.

Definitivamente a mercantilização do futebol tem trazido mais prejuízos do que benefícios para os clubes brasileiros. Os clubes gastam o que não podem com jogadores e técnicos (muitos de qualidade questionável). Os jogadores no Brasil – diferentemente do mercado europeu – não dão o retorno financeiro, simplesmente porque o mercado consumidor brasileiro não dá conta. E os principais consumidores dos produtos do futebol, a saber, os europeus e os asiáticos, sequer conhecem os produtos do futebol tupiniquim.

E se os clubes gastam o que não conseguem arrecadar. Resta o que? Vender jogadores. A matemática é simples (e burra).

Simplesmente pagar menos a jogadores e técnicos não resolveria; aliás, agravaria a situação. É preciso buscar soluções, e não paliativos. Deve-se atacar a causa, e não a conseqüência. Isso é básico.

Pensaram num calendário mais organizado e com clubes que, em tese, teriam mais força para concorrer com o mercado externo. Não conseguiram, e, ainda, enxovalharam severamente os demais clubes. Acabou-se com os clubes formadores, aqueles que forneciam “mão-de-obra” para os maiores clubes do país.

Enquanto, no futebol brasileiro, cada um pensar exclusivamente no seu umbigo ou se organizarem oligarquicamente, não seremos verdadeiramente fortes.

Nós, alagoanos, devemos ficar atentos às idéias advindas do eixo e de sua imprensa bairrista. Nunca eles estarão preocupados com os clubes alagoanos. Nunca! Devemos tomar muito cuidado. E não estranhe no dia em que surgir a idéia de acabar com os estaduais. Já existe essa corrente (claro, de caráter elitista). Significará o fim do futebol brasileiro em sua essência. Diminui-los já foi um grande golpe.

Um comentário:

  1. Sábias palavras, Fred. Mto bem.
    Assino embaixo tdo o q vc falou.
    Mais uma vez, parabens por seus belos textos!

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